sexta-feira, 23 de maio de 2008

Comunicação e reputação, ou poder dormir enquanto os ventos sopram

Um fazendeiro possuía terras ao longo do litoral do Atlântico. Ele anunciava constantemente precisar de empregados, mas a maioria de pessoas estava pouco disposta a trabalhar em fazendas ao longo do Atlântico: temiam as horrorosas tempestades que varriam aquela região, fazendo estragos nas construções e nas plantações. Procurando novos empregados, o fazendeiro recebeu muitas recusas. Finalmente, um homem baixo e magro, de meia-idade, aproximou-se do fazendeiro.
− Você é um bom lavrador?, perguntou o fazendeiro.
− Bem, eu posso dormir enquanto os ventos sopram, respondeu o pequeno homem.
Embora confuso com a resposta, o fazendeiro, desesperado por ajuda, deu-lhe emprego. O pequeno homem revelou-se um bom trabalhador, mantendo-se ocupado do amanhecer até ao anoitecer, e o fazendeiro estava satisfeito com o seu trabalho.
Então, uma noite, o vento uivou ruidosamente. O fazendeiro saltou da cama, pegou num candeeiro e correu até ao alojamento dos empregados. Sacudiu o pequeno homem e gritou:
− Levante-se! Está a chegar uma tempestade! Amarre as coisas antes que sejam arrastadas!
O pequeno homem virou-se na cama e disse firmemente,
− Não, senhor. Eu disse-lhe, posso dormir enquanto os ventos sopram.
Zangado com a resposta, o fazendeiro estava tentado a despedi-lo imediatamente. Mas, em vez de o fazer, apressou-se a sair do alojamento dos empregados para prevenir os efeitos da tempestade. Do empregado, trataria depois.
Mas, para seu assombro, descobriu que todos os montes de feno tinham sido cobertos com lonas firmemente presas ao solo; as vacas estavam bem protegidas no celeiro, os frangos nos aviários, e todas as portas muito bem travadas. As janelas bem fechadas e seguras. Tudo tinha sido amarrado ou seguro. Nada poderia ser arrastado.
O fazendeiro, então, entendeu o que seu empregado quis dizer, regressou à sua cama para também dormir enquanto o vento soprava.

O que quero, com esta história (recolhida em www.metaforas.com.br), é perguntar aos empresários e gestores: pode dormir descansado enquanto os ventos sopram, ameaçando a sua empresa?
Espero bem que sim, mas, quando se trata da reputação da sua empresa, todos os cuidados são poucos. E, na verdade, hoje em dia, os ventos são frequentemente ignorados, ou simplesmente subavaliados pelos empresários, mais preocupados com questões mais imediatas mas, provavelmente, não tão importantes. E o resultado é, depois, correr atrás do prejuízo.
Pegando no exemplo do nosso fazendeiro, tente responder a algumas questões simples:
Acha que a reputação da sua empresa é ou não importante?
Acha que se a sua empresa tiver boa reputação isso é ou não uma vantagem competitiva no seu mercado?
Acha que a reputação da sua empresa é tão pouco importante para ser deixada ao acaso ou nas mãos de amadores?
Todos sabemos, intuitivamente, as respostas a estas questões. De facto, nenhuma empresa ou organização pode prescindir de se relacionar bem com os seus colaboradores, os seus parceiros comerciais, a comunidade onde se insere e os órgãos de comunicação social. Não pode, em suma, deixar de cuidar da sua reputação − o seu maior activo, tão importante quanto intangível.
As relações públicas, em geral, e a consultadoria em comunicação estratégica e assessoria mediática são ferramentas de marketing que tratam da gestão da imagem e da reputação das empresas ou organizações junto dos seus diversos públicos. E são disciplinas exigentes, complexas, multifacetadas, que exigem profissionalismo e dedicação. E atenção: não confunda comunicação gráfica com comunicação estratégica. Não basta ter um logótipo atraente, um estacionário bonito e anúncios atractivos, comunicar também é isso, mas é muito mais do que isso.
Os profissionais de relações públicas e comunicação asseguram o planeamento estratégico da comunicação corporativa (imagem da empresa); a comunicação dirigida aos diversos públicos com que a empresa se relaciona: accionistas, funcionários, parceiros comerciais, associações de classe, comunidade, formadores de opinião, consumidores, Governo e administração pública, público em geral; as relações com a Imprensa; e fazem a gestão de crises. Em suma, ajudam as empresas e organizações a conhecer melhor os seus públicos e a dar-se a conhecer de forma mais eficaz a esses diversos públicos. Influenciam positivamente a competitividade das empresas e organizações, ao criar e manter uma imagem percepcionada positiva, que potencia os negócios.

Estruturas internas ou consultores?

As empresas e organizações podem, e muitas vezes devem, criar estruturas próprias de comunicação, que organizem e potenciem os fluxos de comunicação de dentro para fora, em direcção aos seus públicos-alvo.
No entanto, a prazo, esta solução perde eficácia. Uma estrutura interna e privativa leva à cristalização do discurso, na medida em que os profissionais de relações públicas que trabalham em exclusivo para uma empresa ou organização tendem a diminuir o distanciamento e o sentido crítico, reduzindo a percepção das necessidades do mercado e comprometendo a eficácia das mensagens.
É bem mais eficaz − e menos dispendioso, quer em termos relativos, quer absolutos – o recurso à consultadoria externa em comunicação estratégica e assessoria mediática. Os consultores externos, ao lidarem permanentemente, de uma forma mais descomprometida, com todas as realidades envolventes à empresa ou organização, estão em melhores condições para percepcionarem as suas necessidades de comunicação e proporem a estratégia mais eficaz para elevar e manter a sua reputação.
Uma boa reputação permite aos empresários dormirem descansados quando o vento assobia. Contribui decisivamente para o êxito das empresas e organizações, ou seja, para que as empresas ganhem dinheiro e as organizações em geral atinjam os seus objectivos.
Porque, não nos iludamos: é de ganhar dinheiro que se trata. E se parece óbvio para todos que ninguém ganha dinheiro com uma reputação que ande pela hora da morte, é bom que se convença que ganha tanto mais dinheiro quanto melhor for a sua reputação percepcionada. E isso depende de si, depende das decisões que tomar agora!

António José Laranjeira
Director-geral da Midlandcom − Consultores em Comunicação
ajl@midland.com.pt

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Esta será, a partir de hoje, uma nova ferramenta de comunicação da Midlandcom.
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